quarta-feira, 30 de junho de 2010

FRANCO ATIRADOR

- Nice Shot!

Eu me pergunto sempre se é só isso. Será, mesmo?
Se for, acho muito.
Ah, acho bastante, também.
O muito é muito pouco e eu quero que vá embora.
já o bastante, fica
- fica com pouco, também.

Essa minha cabeça é minha cruz.
Principalmente o miolo.
Uma cruz arredondada. Circunferencialmente e portencialmente mortífera.
Enquanto minha cruz olha para dentro, por fora estou bem.
Quando minha cruz estica o olho pro exterior - não cabendo em si,
é quando, por fora estou assim:
Surtado.

Por mais que "a ordem das árvores não altere os passarinhos",
sinto-me bastante confuso.
Eu e essa minha mania feia de antepor e transpassar idéias.
Eu, como sempre, atrapalho-me.
Eu bem que tento deixar a desordem só aqui dentro,
mas tenho sérios problemas.
Problemas em manter a bagunça presa por muito tempo,
ela lota-me por dentro
e circula-me por fora.

O que fazer?
... cura, eu já sei que não há.

Eu conviveria melhor comigo se nada no mundo precisasse de explicação.
Eu surto - mas não tem motivo.
Endoidecer simplesmente por endoidecer não vale.
- pelo menos não pra mim,
nem pro mundo.
E, justamente nessa falta de motivos,
eu procuro explicações.
Encontro muitas,
mas as muitas são poucas - até porque de nada valem.

Cerco-me de mantras.
Repito mentalmente o que me acalme.
Não sou de guerra,
não sou de paz.
Eu, simplesmente,
não sou.
Não sou,
e nem estou.

Dentro dessas veias circula bastante pretensão.
Eu finjo que a controlo para manter-me menos insuportável.
Tudo em vão,
mas a sabedoria popular reza que tentativas são válidas.
Se assim o for,
sinto-me até quase que recompensado,
ainda que incapaz de conter-me.

Eu não caibo em mim,
e espero que você "saque minha esquizofrenia".
Até porque em matéria de compreensão alheia, nunca há excesso.

Sigo nesse falso tiroteio de idéias,
idéias que nada têm de objetividade.
E por mais que eu as queira francas,
jamais deixarão o patamar do que é confuso.
Mas ainda sim, têm lá sua fatia de honestidade.
Confusas talvez porque sejam idéias minhas
- ou idéias que eu ache que sejam minhas,
ou ainda idéias surrupiadas do alheio.
Mas o que importa,
é que são idéias-balas.
Que saem da minha boca e de meus olhos
e que vão em sua direção.

- ...oh, yeah. A real nice shot.

Um comentário:

Vanessa Isis disse...

Sou obrigada a concordar: A real nice shot!