quinta-feira, 24 de junho de 2010

LUZ NEGRA

Não é que eu goste de dormir com as luzes acesas, pra ser sincero, nem gostar de muita claridade, eu gosto. Mas, para mim, a total escuridão é mortal.

Apenas não suporto ser incapaz ver o que há ao meu redor. Aquele tipo de escuridão em que não há diferença entre olhos fechados e olhos abertos. Esse tipo de falta de luz, onde tudo parece ausente, me amedronta. Sinto-me como perdido, imerso em total desconhecimento. Sem farol, sem cais, sem guia, sem barco, sem mim. Sem nada.

Agrada-me a penumbra. Gosto de ver as sombras dentro do quarto. É como se elas fossem restos daquela antiga escuridão total. Restos vencidos pela pouca luz, mas ainda sim, vencidos.

Feixes de luz também me agradam. Atravessam a escuridão de forma magnífica. Raios de luz que contornam as frestas da porta. Esses sim são ótimos soníferos. Mirar o olhar por alguns minutos é a certeza da chegada breve do sono.

Também me agrada aquela tonalidade luminescente coada por cortinas. Nem claro, nem escuro. Ambientes mornos e preguiçosos... Gosto bastante.

Minto quando digo que não gosto da claridade, na verdade, aprecio-a muito - mais do que a falta dela. Mas, por enquanto, não acenda as luzes.

Não sei o que está acontecendo... Por hora, deixe-me aqui - no escuro. Perdido. Em alguma hora, ou em algum dia, ou sabe-se lá quando, eu vou me acostumar ao lugar - e, adaptado, poderei enxergar o que realmente existe à minha volta. Ou então quem sabe eu durma de uma vez - e me integre à escuridão de outra forma, de um jeito mais completo.

Deixe-me aqui, respirando a insônia, sentindo a ausência do claro e sonhando com a presença da luz - que é o que eu, de melhor, sei fazer.

Nenhum comentário: