sábado, 30 de outubro de 2010

QUANDO O AMOR VACILA

"Eu sei que atrás desse universo de aparências, das diferenças todas, a esperança é preservada. Nas xícaras sujas de ontem o café de cada manhã é servido. Mas existe uma palavra que não suporto ouvir, e dela não me conformo... Eu acredito em tudo, mas eu quero você agora.
Eu te amo pelas tuas faltas, pelo teu corpo marcado, pelas tuas cicatrizes... Pelas tuas loucuras todas, minha vida. Eu amo as tuas mãos, mesmo que por causa delas eu não saiba o que fazer das minhas. Amo teu jogo triste. As tuas roupas sujas é aqui em casa que eu lavo. Eu amo a tua alegria, mesmo fora de si. Eu te amo pela tua essência. Até pelo que você poderia ter sido, se a maré das circunstâncias não tivesse te banhado nas águas do equívoco.

Eu te amo nas horas infernais e na vida sem tempo quando - sozinha - bordo mais uma toalha de fim de semana. Eu te amo pelas crianças e futuras rugas. Eu te amo pelas tuas ilusões perdidas, e pelos teus sonhos inúteis. Amo teu sistema de vida e morte. Eu te amo pelo que se repete, e que nunca é igual. Eu te amo pelas tuas entradas, saídas e bandeiras. Eu te amo desde os teus pés até o que te escapa.

Eu te amo de alma para alma. E mais que as palavras - ainda que seja através delas que eu me defenda - quando digo que te amo mais que o silêncio dos momentos difíceis, quando o próprio amor vacila."


quarta-feira, 27 de outubro de 2010

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

"E ISSO LÁ É BOM?"

Fiquei triste quando descobri que passei a escrever tudo aquilo que eu ensaiava para contar a alguém. Mas, como os alguéns nunca estão onde a gente quer, eu fico aqui com o caderno na mão. Mas podia ser pior se talvez eu não tivesse o que contar. E não com quem contar.

THIEF-FRIEND

Sonhei que tinha virado um ladrão, e que ao entrar em uma casa pela janela, fui flagrado pela moradora que começou a gritar pelo nome de uma conhecida minha que, inclusive, há muito eu não via.

- Mas vejam só, não sabia que você estava morando aqui! Há quanto tempo...

Conversamos por todo o dia. Ela me convidou para o almoço, e depois para o jantar. É bom rever os amigos.

AUTENTICIDADE

A pessoa já sabia o que fazer. No entanto, ainda quis me perguntar como proceder.

Aconteceu dela ter sido vitimada, ainda que sem intenção, pela incompetência alheia. Por mais enlouquecida de ódio que estivesse, decidiu não fazer nada. Aliás, resolveu forjar certa "nobreza" de espírito e deixar tudo como já estava.

Eu achei bonito, apoiei a decisão e disse que era mesmo o certo a se fazer.

Hoje, passado muito tempo do ocorrido, minha memória me {re}apresentou o caso. E é com uma outra visão que eu questiono:

Até que ponto vale proceder de acordo com o que não se é? Sim, porque a "fineza" não era genuína. Falsidade ideológica! O que sei é que teria sido melhor se você não tivesse me dito nada. Ou que me deixasse saber apenas do superficial. Que não me tivesse envolvido no que havia por trás. Porque hoje eu bem conheço a farsa que és, mas daí a ter me tornado seu cúmplice já é demais!

MAS EU VOU ME AMAR

Eu, que apenas sei fazer perguntas - e nada sei responder - surpreendi-me com uma constatação de vida:
Dia desses estabeleci que gostava da minha vida assim: solta, sem paragens, rotas ou destinos. Que eu gostava mesmo era do acaso regindo tudo. Mas acontece que recebi aquele seu telefonema -tão fora de hora, obra prima do acaso (que eu tanto amo). Enquanto você me contava seus planos para aquele decorrer de semana, descobri que não era a minha vida livre que eu apreciava, era a dos outros. No caso, a sua.
Nunca pensei que logo você, que sempre fora daqueles que pensa em excesso e tarda a concretizar, fosse capaz de planejar uma viagem longa como essa para passar tão pouco tempo. Você, planejando algo nas vésperas? Jamais imaginei, confesso.
Você me surpreendeu com essa. Estou aguardando seu telefonema de confirmação.

Olha, mesmo que nada dê certo - e que você nem chegue a vir - quero agradecer pela surpresa e dizer que te amo. Primeiramente pelo de sempre; "segundamente" porque pude ver em você aquela característica que eu aprecio na minha vida. A Liberdade. Vida essa que, aliás, eu nem vivo. Apenas quero tanto viver livre que quando um imprevisto muda para melhor as rotas da minha rotina, confundo com liberdade. É só isso.

Mas, se vieres para me salvar dessa mesmice, eu até me imagino tomando um ônibus só para receber-te. Numa correria só, sem nada pronto. Nem saberei aonde levar-te, e faria planos vendo as árvores e os traços no asfalto passando.

E eu pensarei cá comigo:

"Na semana passada eu jamais me imaginaria dentro desse ônibus."

Só então vou me enxergar e te amar ainda mais.
Mal cabendo em mim, aceitarei seu presente. Obrigado, você me deu a vida sem âncora que eu sempre desejei. Mesmo que sejam só momentos, e não uma vida inteira. Mas eu vou ser do jeito que sempre quis.

TEMPO DE CHUVA

Por que esse tempo chuvoso condiz tanto comigo?
Digo, por que chove tanto por fora e por dentro?

Há algum tempo compreendi que algumas coisas existem apenas para dificultar nossas vidas. Egoísmo à parte, mas está acontecendo isso com essa chuva.

Eu conseguia conciliar minha tristeza com algumas distrações. Mesmo estando boa parte do tempo sozinho, mas é como se as ilusões me acolhessem - e eu pensava em outras coisas. De modo que de tanto fingir que não havia nada de errado, as coisas ficavam mais calmas.

Acontece que com esse aguaceiro eu não consigo desviar meus pensamentos para outro rumo. Não tenho paz, é um castigo. A chuva está sempre aqui: maltratando os telhados e me fazendo lembrar que estou a ponto de perder o ar e a lucidez nesse meu dilúvio interno.
Eu estou vivendo aquele momento em que as nuvens espessas cobrem o Sol. E, de uma hora pra outra, um dia claro torna-se escuro. Sem generalizações, vai ver apagou-se apenas a minha iluminação.
Espero que possa entender, embora eu saiba que o ignorante sou eu - que acha que um estúpido holofote traz vida.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

sábado, 16 de outubro de 2010

"METADE DA MINHA ALMA É FEITA DE MARESIA"

Antes de ir para o mar, eu me banhei no que chamamos de "água doce".
Chegando na praia, o mar recebeu-me em desespero: como que querendo lavar-me daquela doçura que nem era minha mesmo...

MATRACA

Perguntaram-me se eu era daqueles que falam sozinhos.
Respondi que não.
Mas - cá entre nós - quando estou calado, é quando mais tagarelo.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

COMANDOS

Ando precisando de um sentido.
Porque eu não mais agüento ser uma dessas perguntas que se auto-respondem.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

"ÀS VEZES SE MORRE"

Já me matei faz muito tempo
me matei quando o tempo era escasso
e o que havia entre o tempo e o espaço
era o de sempre
nunca mesmo o sempre passo

Morrer faz bem à vista e ao baço
melhora o ritmo do pulso
e clareia a alma

Morrer de vez em quando
é a única coisa que me acalma



Leminski

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

domingo, 10 de outubro de 2010

UM DIA PARA (TENTAR) POR FIM À BAGUNÇA

Olha, eu vou lhe ser bem honesto:
Minha vida não requer nada além dos cuidados triviais. Salvo em dias atípicos, obviamente. Tá, eu sou humano, mas não sou o tipo de pessoa que inspira cuidados. A título de cálculos, proporcionalmente eu sou até mais alegre do que triste. Não é difícil que eu me sinta bem. Por exemplo, até mesmo naqueles dias em que se acorda -com ou sem motivo- de cabeça baixa, basta ouvir boa música que minha alma lava-se. Viu? É fácil me fazer feliz.

Então por que será que eu insisto em pensar que existe algo errado - mesmo sabendo que não há? Por que será que eu carrego comigo essa cara muda de quem é infeliz? A isso eu chamo desordem. Sucessão de desencontros. Descompassos: minha vida caminha num ritmo diferente da minha mente. E tudo isso, ainda que não bastasse, segue sem dar as mãos ao meu corpo. É por isso que hoje eu paro. Para acertar os ponteiros e ajustar frequências. "Estou fechando para balanço".

Estou precisando de uma faxina. Dessas boas. Dessas em que se esfrega as paredes e o teto.

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Mas aí eu me pergunto: e se eu for mesmo (e somente) essa zona? Quantos dias será que levo para acabar comigo mesmo?

E essa observação quase chegou a ser um PS. Ela seria se não tivesse desconstruído tudo o que há acima. Eu já não sei.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

sábado, 2 de outubro de 2010

PARE COM ISSO! PARE COM ISSO!

PARE COM ISSO A-G-O-R-A!

... é que quase sempre eu preciso usar dessa técnica - auto-repreensão - para me impedir de criar um futuro só meu, e que no entanto é nosso. Porque é inevitável: sempre que eu penso, não acontece. Será que é porque eu só projeto a felicidade?

Mas agora já é tarde demais. E eu acabei com tudo.