quarta-feira, 30 de junho de 2010

"Eu vou te contar que você não me conhece. E eu tenho que gritar isso porque você está surdo e não me ouve. A sedução me escraviza a você. Ao fim de tudo você permanece comigo - mas, preso ao que eu criei e não a mim.

E quanto mais eu falo sobre a verdade inteira, um abismo maior nos separa. Você não tem um nome; eu tenho. Você é um rosto na multidão e eu sou o centro das atenções. Mas, a mentira da aparência do que eu sou é a mentira da aparência do que você é. Porque eu não sou o meu nome; e você não é ninguém.

O jogo perigoso que eu pratico aqui busca chegar ao limite possível da aproximação, através da aceitação da distância e do reconhecimento dela.

Entre eu e você existe a notícia - que nos separa. Eu quero que você me veja nu. Eu me dispo da notícia. E a minha nudez - parada, te denuncia e te espelha.

Eu me delato; tu me relatas.

Eu nos acuso e confesso por nós. Assim, me livro das palavras com as quais você me veste."

Fauzi Arap

Um comentário:

Darlan disse...

Adoro taqnto esse texto, e é completamente impossível lê-lo sem imaginar a voz firme da Bê interpretando-o. É um tanto dolorido, mas as coisas melancólicas têm mesmo sua beleza. rs Abraço!