segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

AVULSO

Se quer me encontrar, procure por lares que não são os meus. E, embora eu insista que sejam minhas, vasculhe por entre pessoas que também não me pertencem. Sim, eu não tenho nada. Aliás, eu tenho só medo de quem está perdido e acha que foi castigado.
Pequei, e a minha cruz é o desejo. É a imensa e urgente necessidade de que todas as pessoas sejam minhas. É querer conquistá-las e trazê-las para morarem comigo embora eu esteja perdido e não tenha lar. Mas o trágico, para mim, é não ter onde guardá-las. E, por não matar minha sede, a vontade só aumenta.
E eu me frustro. Passo a odiar a humanidade e enlouqueço por não ter uma mísera referência. E, por incrível que pareça, esse é o momento exato para me encontrar, porque é quando dou pistas do meu paradeiro. Quando a raiva me domina, procure ouvir minha voz que - calada - xinga a todos por trás de um sorriso. É uma das coisas que sobrou de mim, e que em breve também estará perdida. Ouça-me, porque eu estou te chamando.
Eu imploro:
Por favor, procure por mim. Ache-me porque eu não mais suporto estar tão disperso. Encontre-me para que eu possa fazer de ti o meu único e eterno cais.

5 comentários:

Anônimo disse...

Nossa, vc conseguiu escrever coisas que eu tenho sentido ultimamente

Anônimo disse...

Isso é tão íntimo. Às vezes tenho vontade de dizer as mesmas coisas, mas a sociedade nos impõe uma falso bem-estar.

Anônimo disse...

Este é você, Murilo...
Esta sou eu também...

Anônimo disse...

Se você viajar

(Chico César)

acho que se você viajar
talvez eu fique na fossa
talvez ninguém possa me consolar
acho que se você viajar
talvez eu quebre a louça
e atravesse a rebouças sem olhar prá lado algum
E EU QUE TANTOS FUI
TALVEZ NÃO SEJA NENHUM
como agora sou
amor que não se mede
amor que não se pede
não se repele
amor

...

Anônimo disse...

Intenso, ser e não ter referência. Gostei! Bjs