segunda-feira, 25 de outubro de 2010

MAS EU VOU ME AMAR

Eu, que apenas sei fazer perguntas - e nada sei responder - surpreendi-me com uma constatação de vida:
Dia desses estabeleci que gostava da minha vida assim: solta, sem paragens, rotas ou destinos. Que eu gostava mesmo era do acaso regindo tudo. Mas acontece que recebi aquele seu telefonema -tão fora de hora, obra prima do acaso (que eu tanto amo). Enquanto você me contava seus planos para aquele decorrer de semana, descobri que não era a minha vida livre que eu apreciava, era a dos outros. No caso, a sua.
Nunca pensei que logo você, que sempre fora daqueles que pensa em excesso e tarda a concretizar, fosse capaz de planejar uma viagem longa como essa para passar tão pouco tempo. Você, planejando algo nas vésperas? Jamais imaginei, confesso.
Você me surpreendeu com essa. Estou aguardando seu telefonema de confirmação.

Olha, mesmo que nada dê certo - e que você nem chegue a vir - quero agradecer pela surpresa e dizer que te amo. Primeiramente pelo de sempre; "segundamente" porque pude ver em você aquela característica que eu aprecio na minha vida. A Liberdade. Vida essa que, aliás, eu nem vivo. Apenas quero tanto viver livre que quando um imprevisto muda para melhor as rotas da minha rotina, confundo com liberdade. É só isso.

Mas, se vieres para me salvar dessa mesmice, eu até me imagino tomando um ônibus só para receber-te. Numa correria só, sem nada pronto. Nem saberei aonde levar-te, e faria planos vendo as árvores e os traços no asfalto passando.

E eu pensarei cá comigo:

"Na semana passada eu jamais me imaginaria dentro desse ônibus."

Só então vou me enxergar e te amar ainda mais.
Mal cabendo em mim, aceitarei seu presente. Obrigado, você me deu a vida sem âncora que eu sempre desejei. Mesmo que sejam só momentos, e não uma vida inteira. Mas eu vou ser do jeito que sempre quis.

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