sábado, 20 de fevereiro de 2010

OPINIÕES

Na minha concepção, a maior glória do Ser Humano é poder aniquilar, apenas com o uso de um simplório pé - as mãos até mesmo podem estar atadas às costas - um animal que nem mesmo uma bomba atômica é capaz de arranhar.
Esse é um dos motivos que me fazem dizer: obrigado por ser um "gente" e não um "barata".

Concondando, no entanto, com certas teorias de "desfecho de vida", acredito que o Céu não é no céu e que o Inferno talvez não esteja abaixo dos pés. Pela simples explicação de acessibilidade. Concordemos que não deva ser nada fácil conseguir passaporte selado com carimbo celestial. De forma muito mais acessível, acredito que esteja o Inferno a nos esperar. (Refiro-me a NÓS por ter consciência e presunção por afirmar que sou e somos pobres criaturas. Reles mundanos. Portanto, se o leitor é da estirpe das Santidades Reencarnadas, clamo o vosso perdão - "agora e na hora da minha morte, amém.")
De acordo com a crença popular, visualizemos que para chegar ao Céu basta olhar para cima que se apresenta toda uma abundância de rotas possíveis. No entanto, seguindo o mesmo raciocínio, é preciso bastante mão-de-obra para se atingir o Inferno. Logo, partindo pela teoria de que nós, reles mortais, estamos a um passo do inferno, a passagem certamente é muito mais acessível. (A não ser que por culpa da gula de nossos primeiros ancestrais, Deus, além de toda a penosidade de vida que praguejou para nosso destino, também castigara os maus a depois de morrer ainda terem que cavar a própria cova com destino ao Inferno. Sendo quase toda teoria e explicação muito lógica, sou adepto dessa. É muito mais difícil levar uma vida de negação, paciência, resignação, bondade e derivados. Portanto, é uma modelagem de vida penosa. Há de se galgar cada dia de existência como sendo um degrau. Logo, pra chegar ao Inferno basta se deliciar com o sabor das ondas, deixa-se que a maré de circunstâncias nos conduza a um "particular" com o Cão.
O bicho GENTE é muito imaginativo - acredito que a explicação disso seja o ócio - e é capaz de estabelecer semelhanças entre tudo. Não obrigatoriamente o que é comparado tem de ser vivo. Eu, por exemplo, sou convicto de que há GENTES que são fruto de uma gestação de gêmeos univitelinos. Dentro das maternais barrigas, dividem espaço com um relógio. Sim, um relógio e uma pessoa são mais semelhantes -diria eu que até idênticos - do que se aparenta. Cada qual que dê mais voltas que o outro. Ambos presos a um dito tempo que sabe-se lá se existe, ou não.

Permanecendo nas "univitelinidades": seria o sono um irmão da morte? Seria o sonho o que está por além da fronteira? Será que existe mesmo fronteira? Não há quem não se atraia por coisas que nunca soube explicar. Mesmo que negue, sei que até o medo é um elo. As obscuridades e o que é inexplicável - indecifrável - ganham, mesmo que em parte, um olhar, um pensamento, um sonho. Chega a ser cômica essa busca por qualquer coisa que talvez nem exista. Seria perda de tempo?

Em síntese, enxerga-se toda uma sorte de injustiças. Porém, nas minhas crenças, injustiça verdadeira é a acomodação. É a cruz da vida de qualquer um. Uns poucos se acostumam ao posto de ordens, outros mais precisam se flexibilizar perante o que é determinado. Não é revolta, nem tampouco crítica à obediência. Trata-se apenas de simples protesto perante a falta de flexibilidade e o desuso da prática do consenso entre partes envolvidas.

Uma grande revolta - sim, agora é grande revolta - cai sobre os ditos "mornos". Ninguém tem a proeza de ser integral - 100%. Cada qual que seja menos completo. É como se fôssemos corrompidos por qualquer coisa. Toda condenação, quase sempre, nunca é plena. "Além das almas serem quase sempre muito pequenas" é plenamente aceitável que quase todas também tenham seu "lado bom". É justamente essa complexidade individual de cada um que irrita. Ao menos se os bons fossem bons, e os maus fossem maus por completo, "maus autênticos" - se desde nascença fossem maus, se não existisse um motivo pelo qual foram transpostos do bom ao ruim...

As paixões são - por completo - verdadeiros desvarios. São também ímãs de maus olhos. Encontrar amor é um garimpo árduo, é mais sorte do que capacidade. Tem de estar no contexto certo, no dia certo, na hora certa, no lugar certo - sendo não necessário ser A PESSOA CERTA. Visualizemos o quão magnífico deve ser amar e ser amado. Quase que uma perfeição. Porém, às pobres panelas - que não acharam suas tampas; aos pobres pés - que não acharam seus chinelos; e às pobres orelhas - que não acharam quem as cubra, só resta maldizer e afogar-se em mar de acidez e amarguras. Concordemos que casais são sempre irritantes demais se nós formos os solteiros que os acompanham. Será inveja ou despeito? Tendo em vista que nem todo mundo tem seu par, o ideal seria a auto-suficiência amorosa. Chega a ser engraçado essa vontade de estar sempre em par. Certamente estamos em constante treinamento para povoar uma nova "arca-de-noé" com nossas espécies amorosamente animalescas.

***

Precisamos, talvez, de uma reforma? Fechemos, então, nossas vidas, nossa existência, nosso mundo e o que mais nos cerca para balanço. Fechemos também nossas opiniões. Fechemos essa capacidade de criticar. Fechemos tudo e "deitemos a chave fora".

É por essas e outras que repito - diariamente: obrigado por ser um "gente" e por saber que um dia, finalmente, portas e frestas se fecharão permanentemente.

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